Enfoque da China: Livro japonês fornece nova evidência de experimentos da Unidade 731
Shenyang, 15 set (Xinhua) -- Um livro publicado por um escritor japonês no mês passado fornece uma nova prova dos experimentos conduzidos pela notória Unidade 731 em presos estrangeiros durante a Segunda Guerra Mundial.
O livro, "Atrás da Baioneta e do Arame Farpado: os Segredos do Exército Japonês e da Unidade 731", foi escrito por Fuyuko Nishisato, que publicou um outro livro sobre a Unidade 731 em 2002.
Durante a Segunda Guerra Mundial, pelo menos 200 mil soldados das forças aliadas foram presos pelos japonêses.
Segundo um documento em Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, em janeiro de 1945, 2019 prisioneiros de guerra (POWs, na sigla em inglês) das forças aliadas foram mantidos no campo de concentração em Shenyang, capital da Província de Liaoning, nordeste da China. Eles eram dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália, Holanda e França.
Anteriormente Nishisato, jornalista, disse à Xinhua que ela visitou à China por mais de 30 vezes desde 1997 para coletar provas. Ela também entrevistou ex-membros da Unidade 731, médicos que ajudaram com os testes, cientistas e veteranos estrangeiros que são suspeitos de ser sobreviventes dos experimentos biológicos.
A Unidade 731 foi uma base secreta de guerra de pesquisas biológicas e químicas estabelecida em Harbin em 1935 e o centro da guerra biológica japonesa na China e no Sudeste Asiático durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo Shimada Tsunetsugi, um ex-membro da Unidade 731, para teste de disenteria, médicos militares levaram gérmes ao campo de concentração em Shenyang, puseram-nas na água e fizeram os POWs bebê-la. Eles então fizeram dissecações dos corpos recordando os sintomas da doença.
Nishisato conseguiu adquirir um documento usado como prova em julgamentos pós-guerra em Tóquio.
Segundo o documento Nº. 3113, Umezu Yoshijiro, um general japonês, deu uma ordem a um médico militar. Seguindo a ordem, a Unidade 731 enviou 30 soldados com equipamento para o campo em Shenyang que completaram os testes de disenteria.
Nishisato também conseguiu achar alguns ex-POWs.
Um veterano norte-americano James Franco disse a ela que ele e outros POWs ajudaram a mover os corpos de POWs mortos para a tabela de autópsia, onde médicos militares japoneses abriram primeiro o peito e depois o crânio. Os médicos então recolheram amostras de cérebro e removeram órgãos internos.
"A prova mostra que o exército japonês não seguiu a Convenção de Genebra relativa ao Tratamento dos Prisioneiros de Guerra", disse Nishisato.
Wang Tiejun, tradutor chinês do livro e o vice-diretor do Instituto de Estudos Japoneses na Universidade de Liaoning, notou que o livro vai a fundo na situação, e muitos documentos e fotos foram divulgados pela primeira vez.
A versão em inglês do livro será publicada em breve, disse ele.
Nishisato dedicou-se anteriormente a produção de um documentário da BBC sobre a Unidade 731. "Eu estava descobrindo a verdadeira história de um modo acadêmico", afirmou ela. "A maior parte dos POWs faleceram, por isso os documentos são realmente valiosos."
"A história deve ser preservada, de forma que nossos descendentes possam conhecer o que aconteceu no passado, e refletir sobre a crueldade de guerra", afirmou ela.
No mês passado, um documentário divulgado pela emissora pública japonesa NHK causou discussão na sociedade japonesa e apelos de reflexão sobre a história de guerra. O tópico da Unidade 731 é raramente mencionado no Japão, com autoridades querendo cobrir e até negar essa parte da história.
"Os políticos japoneses não estão totalmente cientes da opinião da comunidade internacional para o Japão", acrescentou Nishisato. "Eu estou preocupada sobre o futuro do Japão, se eles forem dominantes em corpos administrativos. Se meu livro pudesse fazer algo para mudar a situação, eu ficaria muito honrada."
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