Cientistas em todo o mundo pedem mais ações para parar "robôs assassinos"

Sydney, 21 ago (Xinhua) -- Cientistas de todo o mundo pediram que as Nações Unidas (ONU) tomem medidas para impedir a proliferação dos "robôs assassinos."

Na Conferência Conjunta Internacional sobre Inteligência Artificial em Melbourne, na segunda-feira, líderes tecnológicos de todo o mundo se reuniram no evento, que teve sua primeira edição em 1969, e pediram que o desenvolvimento de armas usando inteligência artificial fosse interrompido pois "uma vez que esta caixa de Pandora for aberta, será difícil de fechar."

Como parte desta carta aberta à ONU, os cientistas e líderes empresariais, incluindo o especialista de renome internacional Toby Walsh, Elon Musk da Tesla e James Chow, da UBTECH China, pediram a proibição do uso de armas autônomas letais ou robôs assassinos, do mesmo modo que armas químicas e biológicas no campo de batalha.

Assinado por muitas das principais mentes relacionadas à IA (inteligência artificial) do mundo, a carta foi liderada por Walsh, professor de IA na Universidade de Nova Gales do Sul, que recentemente disse à Xinhua que está preocupado com o que ele sente ser uma "corrida armamentista" que ocorre em torno do mundo.

"Estou muito preocupado com o impacto que a autonomia terá nos campos de batalha. Há uma corrida de armamentos acontecendo hoje, você pode ver o exército dos EUA, as forças armadas do Reino Unido, o exército russo, é basicamente uma corrida armamentista," Walsh disse.

"Acabaríamos em um mundo muito perigoso e desestabilizado se nos permitirmos lutar a guerra com esses tipos de armas."

Walsh e seus coordenadores estão pedindo que as Nações Unidas intercedam e proíbam armas autônomas, e ele disse que já houve algum movimento positivo da ONU nesse sentido, esperando que esta carta estimule ainda mais ações.

Uma das maiores preocupações compartilhadas por esses líderes tecnológicos é que um estado desonesto, ou regime tirânico, seria capaz de usar essas armas para suprimir sua população, e Walsh destacou o caminho provável que ele sentiu ser uma eventualidade.

"É certamente uma preocupação que eu tenho sobre estes robôs autônomos serem utilizados para suprimir uma nação inteira, e será muito mais fácil do que costumava ser," disse Walsh.

O problema com a tecnologia autônoma é, de acordo com Walsh, o fato de que possui um duplo uso, o que significa que exatamente os mesmos processos que são realizados por criações artificiais benéficas também são os mesmos empreendidos pelo armamento consciente.

Walsh disse que, embora seja importante que continuemos a desenvolver essa tecnologia, já que os benefícios para toda a humanidade serão aparentemente infinitos, os controles e os equilíbrios devem ser acordados para garantir que a segurança das pessoas em todo o mundo seja considerada primordial.