Pesquisa liga vírus intestinais às complicações mortais de transplante de medula óssea
São Francisco, 2 ago (Xinhua) -- Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que um vírus que se esconde no intestino pode desencadear o início de uma complicação grave conhecida como doença de enxerto contra hospedeiro (GvHD) em pacientes que recebem transplante de medula óssea.
GvHD afeta até 60% dos pacientes que se submetem a transplantes de células-tronco de medula óssea e mata cerca de metade dos afetados. GvHD é uma imagem espelhada de rejeição de órgãos, em que células imunes no transplante atacam seu novo hospedeiro, o paciente.
O novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCSF), em São Francisco, nos Estados Unidos e do Hospital Saint-Louis em Paris, França, e publicado on-line nesta segunda-feira na Nature Medicine, revela um biomarcador viral que permite aos clínicos avaliar o risco dos pacientes de uma forma aguda da doença conhecida como GvHD entérico, que afeta o sistema gastrointestinal.
A equipe usou uma técnica conhecida como sequenciamento metagenômico de próxima geração (mNGS) para catalogar micróbios nos tratamentos digestivos dos pacientes por sequenciação rápida e simultânea de material genético de todos os organismos, monitorando assim a população bacteriana em desenvolvimento, conhecida como microbioma e população viral, conhecida como viroma, ao longo do processo de transplante.
Os pesquisadores escanearam amostras de fezes retiradas de 44 pacientes antes de receberem um transplante e até seis semanas depois, e sequenciaram todo o ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA) das amostras. Eles identificaram uma série de vírus que surgiram nos pacientes que desenvolveram a condição mortal. Destacam-se os membros da família do picobirnavírus (PBV).
PBVs são uma família de vírus mais diversificados do que o vírus da imunodeficiência humana (HIV). De fato, cada um dos 18 pacientes que apresentaram resultados positivos para PBV apresentava uma variedade diferente, uma diversidade que dificulta a detecção de PBV usando um simples teste de laboratório. E a presença desses vírus antes do transplante, mesmo em populações muito pequenas, foi um sinal confiável de que um paciente provavelmente desenvolveria a doença após o transplante.
Além disso, a equipe observou uma "floração" anteriormente não relatada de outros vírus residentes que ocorreram três a cinco semanas após os pacientes terem recebido o transplante. O aparecimento de GvHD pareceu desencadear o despertar tardio desses vírus secretos, colocando em destaque o debate do ovo ou da galinha: o que vem primeiro, a infecção viral ou o GvHD? Os pesquisadores concluíram que grande parte da infecção viral é devido à reativação de infecções intestinais latentes após o transplante.
Charles Chiu, professor associado de medicina de laboratório da UCSF e pesquisador principal do estudo, e seus colegas agora esperam desenvolver um teste baseado em metagenômica para examinar os pacientes antes do transplante, de modo a explorar a utilidade potencial do PBV como biomarcador preditivo.
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