Festival do Barco do Dragão e a tradição que se renova
A professora de mandarim Lina, de Beijing, saiu da cama bem cedo no domingo. Ela tinha de preparar o zòngzi (粽子), tradicional bolinho de arroz glutinoso, para seus familiares e alunos. O motivo para ter o bolinho em sua refeição neste dia é especial: 28 é o primeiro dia do Festival do Barco do Dragão (Duanwu), uma celebração que acontece há mais de 2 mil anos na China em memória do oficial e poeta chinês Qu Yuan. “Minha família sempre manteve a tradição de comer Zòngzi no Festival do Barco do Dragão”, disse. “Eu contei a história do Festival para meu filho e alunos para manter a cultura viva.”
O Festival do Barco do Dragão cai no quinto dia do quinto mês do calendário lunar chinês. Este ano é celebrado nos dias 28, 29 e 30 de maio. A festa inclui algumas tradições como a corrida de barcos, comer bolinho de arroz, vestir sachês perfumados, tomar vinho de realgar, pendurar artemísia e cálamo. Alguns desses costumes se perderam ao longo do tempo, mas o festival ainda é bastante celebrado no interior da China. Atualmente muitos chineses usam o feriado de três dias para viajar.
Essa é uma das três datas comemorativas mais importantes do calendário chines, junto com o Festival da Primavera (o Ano Novo chinês) e o Festival do Meio-Outono. A festividade foi a primeira a ser incluída na lista de Patrimônio Cultural Intangível da Unesco.
O que é celebrado no Festival do Barco do Dragão

Muitas histórias diferentes contam a origem do Festival. A mais popular é sobre o oficial e poeta patriota Qu Yuan (340–278 a.C.), que foi exilado no período de guerras na China antiga. Conta-se que Qu era um intelectual que contribuiu para o enriquecimento da cultura chinesa, defendendo talentos em diversas áreas e também trabalhou para a construção das forças armadas do país. No entanto, sofreu diversas ofensivas, tendo sido exilado e forçado a resignar. Suas poesias exaltavam o amor pelo Estado de Chu, onde hoje é localizada a Província de Hubei, no centro da China. Quando Estado de Chu foi dominado pelo Estado de Qin, ele se jogou no Rio Miluo, no quinto dia do quinto mês do calendário lunar chinês.
Apesar dos esforços das pessoas locais para salvá-lo, Qu acabou morrendo. Em memória do poeta, todos os anos, no dia de sua morte, as pessoas batem tambores e remam barcos no rio, como fizeram os moradores locais para manter os peixes e espíritos do mau longe de seu corpo. Além disso, jogaram bolinhos de arroz na água para que os peixes não comessem o corpo do afogado. A celebração do festival também é um momento em que os chineses dispersam os espíritos ruins.
Corrida de barcos

Corridas de barco acontecem nas águas de rios espalhados por todo o país, e também no mundo. Neste ano, uma equipe de agricultores da Etnia Zhuang de Guangxi, da região sul da China, com 22 pessoas remando um barco de 18,3 metros, bateu o recorde ao alcançar a marca de 13,518 quilômetros. O recorde anterior foi de 10 quilômetros feito por uma equipe internacional.
Algumas pessoas não participam de corridas, mas celebram festival em seus barcos, vestindo fantasias. Os barcos tradicionais têm o formato de dragão e são pintados em vermelho, amarelho, preto e branco, e têm entre 20 e 40 metros de comprimento.
O que os chineses comem e bebem

Durante o festival, os chineses comem um bolinho glutinoso de arroz que pode ser recheado com carne, diversos tipos de feijão ou outros recheios. O Zongzi (粽子 zòngzi) vem embrulhado em folha de cana e têm formato de triângulo ou retângulo.
Há na China um ditado popular que diz que “Beber vinho de realgar leva as doenças e maus espíritos para longe.” O vinho de realgar (雄黄酒 xiónghuángjiǔ) é uma bebida alcoólica chinesa feita de cereais fermentados. No passado, as pessoas acreditavam que o realgar era um antídoto para todos os venenos, e bom para matar insetos e espantar os espíritos.
Outros costumes

Antes do Festival do Barco do Dragão os pais preparam sachês com perfume ou ervas medicinais e colocam envolta do pescoço das crianças. Acredita-se que os sachês as protegem do mau e das doenças.
Os chineses também penduram folhas de artemísia e cálamo pois acreditam ter poder medicinal.
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