Portugal está interessado em cooperar com a China no porto de Sines e ligação elétrica com a África, diz Secretário de Estado
Por Rafael Lima e Bi Yuming
Beijing, 14 mai (Xinhua) -- O Secretário de Estado da Internacionalização de Portugal, Jorge Costa Oliveira, afirmou neste sábado, em Beijing, que os projetos envolvendo o porto de Sines e os planos de interconexão da rede elétrica de Portugal com a rede elétrica do norte da África são as duas grandes iniciativas chinesas que vão certamente traduzir-se em investimento chinês em Portugal.
O Secretário de Estado da Internacionalização de Portugal, Jorge Costa Oliveira (e) concede uma entrevista exclusiva à Xinhua, em Beijing, capital da China, em 13 de Maio de 2017. (Foto: Wang Qiang)
"Esses serão os dois primeiros projetos onde haverá seguramente um trabalho conjunto entre as instituições e as empresas dos dois países", disse Costa Oliveira à Xinhua.
O Secretário de Estado português está em Beijing para participar no Fórum do Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional que decorrerá entre os dias 14 e 15 de maio na capital chinesa.
"Relativamente ao OBOR (Cinturão e Rota, na sigla em inglês), estamos a trabalhar para colocar o porto de Sines na Nova Rota da Seda Marítima e na Rota da Seda terrestre ferroviária (...) e nós, que temos a State Grid como um dos principais investidores e acionistas da nossa rede elétrica nacional, estamos precisamente a trabalhar de forma articulada para, em conjunto, criarmos um grande projeto que é o da ligação da rede elétrica portuguesa com a rede elétrica do norte da África através de Marrocos", explicou.
O Secretário de Estado português falou ainda sobre as expectativas em relação ao fórum e sobre a contribuição que a iniciativa chinesa do Cinturão e Rota, proposta pela China pela primeira vez em 2013, tem a oferecer ao mundo.
"Nós esperamos que fique consolidada a ideia de que o fórum é uma iniciativa chinesa, mas que é uma iniciativa também que interessa e é muito útil a muitos outros povos em várias partes do mundo. A maior contribuição da iniciativa é a lançar programas maciços de investimento que vão, por um lado, permitir a muitos países passar a ter infraestrutura que de outra forma demorariam muito mais tempo para serem colocadas no mapa e, por outro, vão criar novas formas de aproximação entre vários países e, desta forma, promover a estabilidade a nível internacional", disse Costa Oliveira.
Durante os últimos sete anos, Portugal foi um dos países europeus que recebeu o maior número de investimento chinês per capita na Europa. Segundo dados oficias chineses, o valor das trocas comerciais sino-portuguesas entre janeiro e fevereiro deste ano foi de US$ 297,8 milhões.
O representante português falou ainda que a globalização está num momento de viragem e que o potencial de alguns países como a China gera mudanças no sistema internacional.
"O momento de viragem em que nos encontramos é aquele em que alguns dos países emergentes, entre os quais a China, estão a mostrar que não têm apenas capacidade para tratar das indústrias transformadoras, mas que também têm capacidade para criar bens de capital e tecnologia. Basta ver como a China já é o país que mais regista patentes", afirmou Costa Oliveira.
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