Chinesa motorista e legisladora chama atenção para bicicletas compartilhadas

Beijing, 13 mar (Xinhua) -- Yu Chun é motorista de ônibus público na sua cidade natal há mais de duas décadas.

Ela vinha a Beijing todas as primaveras desde 2013 como uma representante da Assembleia Popular Nacional (APN) e se dedicava a chamar a atenção dos colegas legisladores para a gestão do trânsito urbano.

Em 2017, no entanto, Yu, de 50 anos, tirou os ônibus da lista de prioridade e se concentrou em uma alternativa verde: bicicletas.

A febre pelas duas rodas voltou à China, outrora conhecida como o Reino das Bicicletas, desde que empresas tecnológicas de compartilhamento de bicicletas começaram a injetar energia no mercado, nos últimos três anos.

Para usar uma bicicleta compartilhada, basta baixar um app e pagar uma caução por celular. Depois, as bicicletas instaladas com GPS são destravadas ao se escanear um código QR e deixadas em qualquer lugar na rua após o uso.

O serviço conquistou o país rapidamente, expandindo-se de Beijing e Shanghai para outras cidades. Mais de 3 milhões de unidades circulam pelas ruas.

No entanto, o estacionamento não regulamentado e perigoso das bicicletas causou preocupações.

Yu expressou apoio ao uso delas como uma solução de baixo carbono ao problema do trânsito nas grandes cidades chinesas.

Na sua Hangzhou, na Província de Zhejiang, o governo já promove as bicicletas públicas desde 2008.

"É bom ver que as pessoas se locomovem de formas ecológicas, mas muitos usuários deixam suas bicicletas sem propósito, bloqueando o trânsito e às vezes até causando ameaças à segurança. Isso pode desviar o setor do crescimento sustentável."

Motorista de ônibus, Yu vê dificuldades para estacionar mais do que qualquer outra pessoa. Ela mesma testemunhou pessoas disputando vagas de bicicletas compartilhas.

"As bicicletas compartilhadas fazem bem para a sociedade, mas também devem ser regulamentadas de forma adequada."

Como representante da APN, Yu decidiu submeter o assunto à legislatura nacional.

A APN é o mais alto órgão legislativo da China. Seus representantes são de meio período e provenientes de todos os setores. Eles são considerados como um canal muito importante para coletar opiniões públicas, o que permite que as vozes comuns possam influenciar a governança do Estado.

Na sessão anual, representantes da APN podem submeter propostas e sugestões que possam levar à legislação ou ajustes de política.

A sessão no ano passado recebeu quase 460 propostas e mais de 8,6 mil sugestões.

"As bicicletas compartilhadas desempenham um papel positivo no alívio dos engarrafamentos, mas problemas como estacionamento aleatório e cobrança caótica estão aumentando", escreveu Yu em sua sugestão à legislatura.

"É necessário estabelecer regras para regulamentar o setor, incluindo manufatura, operação, manutenção e atualização."

Nos quatro últimos anos, Yu levantou sugestões sobre o setor de transporte público, e todas receberam respostas de departamentos governamentais. Algumas causaram mudanças de políticas.

No ano passado, ela e alguns outros representantes da APN foram convidados a ouvir os progressos sobre a sugestão dela em legislação de transporte público no Ministério do Transporte, especialmente sobre a aceleração do uso de ônibus públicos.

Hoje, Yu decidiu que ônibus já não é seu foco. Em vez disso, acredita que o sistema de bicicletas compartilhas é um meio perfeito para a comutação que merece promoção na China.

Até mesmo o ministro do Transporte Li Xiaopeng mostrou publicamente seu apoio a ele.

"Como uma inovação, deve ser estimulado", disse Li à imprensa paralelamente à sessão parlamentar que começou no domingo.

"Cada localidade deve ter suas próprias regras, fortalecer a gestão", acrescentou ele, pedindo que empresas de compartilhamento de bicicletas melhorem seus serviços e que usuários se comportem de forma civil.

Como prova da prosperidade do serviço, durante a sessão da APN bicicletas laranja, amarelas e brancas podem ser encontradas em todos os distritos urbanos de Beijing. Segundo a previsão do setor, a demanda pode aumentar para 20 milhões.