Relações entre os EUA e a América Latina são incertas sob administração de Trump, segundo especialistas brasileiros

Rio de Janeiro, 16 jan (Xinhua) -- Com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomando posse esta semana, as relações futuras entre os Estados Unidos e a América Latina continuam altamente incertas, segundo analistas brasileiros.

Na semana passada, Trump realizou sua primeira conferência de imprensa completa desde julho, durante a qual falou sobre planos de política após sua posse na sexta-feira.

"O que me surpreendeu é que a visão de Trump sobre as relações econômicas internacionais pertence aos séculos XVIII ou XIX," disse Maurício Santoro, professor de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

"Acreditar que você só pode enriquecer a custo do seu vizinho é uma loucura que ignora séculos de evidência empírica e o próprio caminho dos EUA," acrescentou.

Na opinião de Santoro, Trump deixou claro durante sua campanha que sua visão para a América Latina "começa e termina com o México."

Santoro acredita que o presidente eleito dos EUA vai se concentrar mais em assuntos domésticos, não na arena internacional.

As principais preocupações dos EUA sobre os países latino-americanos continuarão a ser questões como a luta contra o narcotráfico e a migração, disse Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais na Fundação Getúlio Vargas.

Gunther Rudizit, professor de relações internacionais nas Faculdades Integradas do Rio Branco, acredita que Trump é "imprevisível."

"Ninguém sabe o que ele fará," disse Rudizit.

Referindo-se às relações de descongelamento entre os Estados Unidos e Cuba, Rudizit disse que Trump deve favorecer a decisão do então presidente dos EUA, Barack Obama, de suspender a política de "pés molhados, pés secos," já que Trump "procura a todo custo deter a migração ilegal."

Obama anunciou na semana passada que os Estados Unidos estão terminando uma longa política que concedeu residência aos cubanos que chegaram aos Estados Unidos sem vistos, um passo importante para normalizar as relações com Cuba.