Entrevista: Trump pretende destruir o ISIS, mas grupo radical está em fuga, diz especialista
Washington, 5 jan (Xinhua) -- Enquanto o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu acabar com o Estado Islâmico (ISIS) de uma vez por todas, o grupo radical já está fugindo devido ao aumento da pressão em relação ao ano passado, disse um especialista em entrevista à Xinhua.
Trump reiterou suas promessas de derrotar o grupo após o recente ataque mortal em um mercado de Natal em Berlim, que matou 12 e feriu dezenas de pessoas inocentes. O bilionário presidente eleito criticou o presidente Barack Obama por ainda não ter derrotado o ISIS no Oriente Médio.
Mas Wayne White, ex-diretor-adjunto do Escritório de Inteligência do Oriente Médio do Departamento de Estado, disse que a maior parte do trabalho pesado já foi feito, e que o ISIS está em rota de fuga.
Os bombardeios aéreos contínuos dos EUA e da coalizão, além dos esforços apoiados pelos Estados Unidos por curdos sírios, curdos iraquianos, pelo exército iraquiano, tribos sunitas árabes iraquianas, milícias iraquianas xiitas e, mais recentemente, o exército turco, reduzirem largamente o território original do ISIS e degradaram fortemente suas forças combatentes, disse White.
"Uma vez que Mosul for liberada - a única área urbana verdadeiramente grande que permanece sob o controle do ISIS - o curso será muito mais fácil no Iraque," disse ele.
O ISIS não foi esmagado apenas pelo bombardeio, mas também por uma série de forças opostas em terra. E essas forças estão prestes a dar o golpe final - tudo isso com vários milhares de conselheiros e treinadores dos EUA funcionando como não combatentes, tendo apenas uma pequena porcentagem deles na linha de frente como assessores de combate, disse White.
Enquanto alguns questionam se a presença dos soldados americanos é necessária para derrotar o ISIS, White disse que isso aceleraria as coisas, mas não muito.
"É claro que o combate na Síria e no Iraque pode ser encerrado sem as forças de combate dos EUA. Tais forças poderiam acelerar o colapso do ISIS, mas não por muito tempo, uma vez que o seu compromisso levaria tempo enquanto o ISIS perde ainda mais terreno," disse White.
Nesta fase tardia do esforço anti-ISIS na Síria e no Iraque, talvez o papel mais importante que Trump e os militares dos EUA pudessem desempenhar é a pressão para que as vastas fronteiras com a Jordânia e a Arábia Saudita no flanco sul, dominado pelo ISIS, sejam patrulhadas da melhor forma possível, disse White.
Isso significaria a proibição de militantes que fogem enquanto o auto intitulado califado implode - através de uma área onde não há forças combatentes em solo pressionando contra uma linha de frente bastante sólida, disse White.
Os jordanianos estão fazendo o melhor que podem para proteger sua fronteira com a Síria, mas estão sobrecarregados com um grande número de refugiados e têm um exército relativamente pequeno. As forças americanas poderiam ser úteis para ajudar a Jordânia a redobrar suas patrulhas nas fronteiras. Os sauditas não aceitarão tais forças norte-americanas, mas devem ser exortadas a mudar o foco do Iêmen para suas fronteiras com a Síria e com o Iraque à medida que o ISIS enfraquece, disse White.
Além de derrotar as fortalezas do ISIS, um trabalho muito mais difícil para a Trump será continuar a tarefa complexa de minimizar os ataques terroristas domésticos relacionados com o ISIS e contra alvos dos EUA internacionalmente, disse White.
"Isso exige esforços intensos de coleta de informações e de aplicação da lei para combater as ameaças antes que eles ataquem o número quase ilimitado de alvos disponíveis," disse White.
"Esse esforço pode durar anos, e movimentos provocativos como fazer declarações anti-muçulmanas ou adotar políticas anti-muçulmanas poderiam muito bem aumentar - e não diminuir - o perigo de radicalização e a consequente violência," disse White.












