Renzi renúncia na Itália, e transição no gabinete é aguardada

2016-12-08 16:29:28丨portuguese.xinhuanet.com

Roma, 7 dez (Xinhua) -- O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, renunciou oficialmente na noite desta quarta-feira, porém o presidente Sergio Mattarella pediu que seu gabinete permaneça no cargo para cuidar da administração diária até a transição do governo.

Ele entregou formalmente sua renúncia à Mattarella depois que o orçamento do país para 2017 foi aprovado no Senado.

A renúncia de Renzi acontece três dias depois de ele ter sofrido uma derrota em um referendo realizado no último domingo sobre a reforma constitucional.

Renzi já havia apresentado sua renúncia na segunda-feira, mas o presidente pediu que ele permanecesse no cargo até que a aprovação do orçamento do ano que vem, o que aconteceu nesta quarta-feira à tarde.

A renúncia agora abriu o caminho para o presidente lançar uma rodada de negociações com todos os líderes do partido buscando a nomeação de um novo primeiro-ministro, e formar um governo de transição.

O gabinete de Renzi permanecerá no cargo para lidar com os assuntos administrativos de estado, enquanto o presidente "começará as consultas às 6 da manhã (17h00 GMT) de quinta-feira," declarou o secretário-geral da Presidência da República Ugo Zampetti. A primeira rodada de negociações deve se encerrar no sábado.

No início da tarde, Renzi reuniu a liderança do Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, que é o maior do parlamento, para traçar sua estratégia política para lidar com a crise política do governo.

"Nosso partido não tem medo da democracia, nem do voto, e se as outras forças políticas querem eleições antecipadas, basta nos dizer isso claramente," disse Renzi, referindo-se aos outros partidos que pedem eleições antecipadas.

Ele acrescentou que o PD também estaria aberto a um governo de unidade nacional, incluindo todos os principais partidos, com o objetivo de supervisionar uma nova lei eleitoral, e também os compromissos internacionais aguardados para a Itália em 2017.

"No entanto, todas as outras forças terão que assumir a mesma responsabilidade neste caso, o PD já pagou o preço da solidão," ressaltou Renzi.

Renzi, agora com 41 anos, se tornou em fevereiro de 2014 o primeiro-ministro mais jovem da Itália, prometendo implementar uma ampla agenda de reformas políticas e econômicas.

A reforma constitucional teria simplificado o processo legislativo da Itália ao rebaixar o Senado, e deixando para a Câmara Baixa apenas o poder de derrubar gabinetes e controlar a legislação nacional.

De acordo com a oposição, a reforma concentraria muito poder no executivo.

A reforma foi rejeitada por mais de 59% dos eleitores no domingo, e Renzi, como havia prometido, anunciou que assumiria toda a responsabilidade pela derrota e pediria a renúncia.

Entre as forças de oposição, o Movimento Cinco Estrelas (M5S) antiestabelecimento e a Liga do Norte anti-imigração são agora os que mais pressionam, pedindo a antecipação das eleições.

No entanto, para seguir este caminho, a atual lei eleitoral precisa ser mudada ou pelo menos emendada. Na verdade, ela foi aprovada em 2015 já prevendo um senado com menos poder, como proposto na rejeitada lei de reforma constitucional, e não prevê regras completas para a câmara alta.

Além disso, a Suprema Corte da Itália irá decidir sobre a legitimidade da lei no próximo mês.

Por estas razões, o presidente Mattarella se disse contrário à novas eleições "antes que uma lei eleitoral homogênea para ambas as casas" seja aprovada.

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