Destaque: Iniciativa do Cinturão e Rota busca alterar a cooperação econômica no Sul da Ásia
Beijing, 14 out (Xinhua) -- A iniciativa do Cinturão e Rota proposta pela China, em que o Corredor Econômico Bangladesh-China-Índia-Myanmar (BCIM) representa um papel importante, espera mudar o panorama da cooperação econômica no Sul da Ásia.
A iniciativa compreende o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota da Seda Marítima do Século 21, proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013, e une países na Ásia, Europa e África através de redes terrestres e marítimas.
No âmbito da iniciativa, o Corredor Econômico BCIM irá conectar o nordeste da Índia, Bangladesh, Myanmar e o sudeste da província chinesa de Yunnan através de uma rede de rodovias, ferrovias, rotas aquáticas e aéreas. Busca melhorar a conectividade, infraestrutura, recursos energéticos, agricultura, comércio e investimentos no sul asiático.
OPORTUNIDADES NO SUL DA ÁSIA
Cobrindo 9% da área terrestre global, o corredor foi primeiro discutido em 1999 por especialistas e acadêmicos em uma reunião em Kunming, Yunnan.
A iniciativa do corretor ganhou força durante a visita do Primeiro Ministro da China Li Keqiang à Índia em maio de 2013.
De acordo com artigo de Pravakar Sahoo e Abhirup Bhunia do Instituto do Crescimento Econômico da Índia, o corredor BCIM permitirá que todos os quatro países possam explorar suas complementariedades no comércio.
Myanmar é um país exportador de bens primários e tem um amplo mercado de trabalho barato. A Índia se posiciona como uma líder na exportação de serviços. A China é o maior exportador de manufaturas no mundo; e Bangladesh, assim como muitos países no sul asiático, participa tanto de exportações de serviços como de produtos pouco manufaturados, segundo os acadêmicos.
Agora sob a Iniciativa do Cinturão da Rota da Seda, projetos como o Corredor Econômico BCIM e o Corredor Econômico China-Paquistão tem grandes oportunidades de desenvolvimento em países relacionados e de injetarem um dinamismo na cooperação regional no sul asiático, disse o Vice-Ministro de Comércio da China Gao Yan.
Em anos recentes, a China e os países do sul da Ásia têm cooperado em áreas como comércio, investimento, infraestrutura e serviços, disse Gao.
Até o final de 2015, o investimento direto da China nos países do sul asiático havia atingido 12,29 bilhões de dólares e investimentos de países do Sul da Ásia na China alcançaram 890 milhões de dólares, disse Gao, adicionando que a China se tornou a maior fonte de investimento direto para alguns dos países do Sul da Ásia.
Dados oficiais chineses mostram que o comércio entre a China e membros dos país da Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional – Afeganistão, Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão, Sri Lanka – alcançaram 111.22 bilhões USD em 2015, 4,9% a mais do que o ano anterior.
“O Corredor Econômico BCIM, desde que foi oficialmente incentivado pela primeira vez pelo Primeiro Ministro Li em 2013, recebe uma resposta positiva da Índia, Bangladesh e Myanmar," disse Chai Xi, ex-embaixador chinês para Bangladesh, em fórum em Kunming.
Ministro de Informação de Bangladesh Hasanul Huq Inu, em uma entrevista exclusiva para a Xinhua em maio, elogiou a liderança chinesa na proposição de iniciativas de desenvolvimento como a Iniciativa do Cinturão da Rota da Seda e do Corredor Econômico do BCIM.
“Acredito que esta antiga Rota da Seda está sendo renovada de forma apropriada. Tem um potencial de 132 bilhões de dólares. Então investir dólares da Rota da Seda e reconectar todas as nações que eram conectadas no passado é um grande planejamento econômico,” disse Inu.
A Iniciativa do Cinturão da Rota da Seda envolve 26 países, que representam quase 30% do produto interno bruto global e 63% da população mundial.
MS Siddiqui, professor da Universidade Internacional de Daffodil em Dhaka, disse à Xinhua recentemente que a iniciativa irá trazer oportunidades à Bangladesh.
“Bangladesh está em uma localização estratégica entre a China, Índia e países da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), e está portanto bem colocada para ser um hub comercial e de manufatura,” disse Sddiqui. “Bangladesh precisa deste aumento de conectividade com outras economias nesta região e a Iniciativa chinesa do Cinturão e Rota da Seda irá concretizar esta área econômica.”
O Corredor Econômico BCIM irá aumentar o comércio, transporte, turismo e investimento em Bangladesh, devido à sua localização estratégica entre Índia e China, ele disse.
“A disponibilidade e acessibilidade dos trabalhadores e sua localização geográfica são aspectos importantes do desenvolvimento de Bangladesh dentro do hub regional, que precisa urgentemente de um porto e de infraestrutura para acelerar sua conectividade com outras nações através de rotas marítimas e terrestres. A Iniciativa do Cinturão da Rota da Seda irá criar várias oportunidades para Bangladesh," disse Siddiqui.
DESAFIOS A FRENTE
O grupo de trabalho do Corredor Econômico BCIM já sediou dois encontros e publicou uma série de deliberações e declarações conjuntas, disse Chai, adicionando que seus governos e líderes dos quatro países mostraram uma “surpreendente” força de vontade para construir o corredor.
No entanto, sendo um programa sistemático e complicado de longo-prazo, o Corredor Econômico BCIM enfrenta muitos desafios e riscos.
“A construção do corredor está mais devagar do que o esperado,” disse Chai, adicionando que as diferenças entre os sistemas nacionais dos quatro países, mecanismos de política e procedimentos tem atrasado o avanço do corredor.
Além disso, devido à falta de capital e experiência, a construção do corredor não foi capaz de entrar em um estágio substancial, disse Chai.
Ren Jia, diretor da Academia de Yunnan de Ciências Sociais, listou estradas bloqueadas, infraestrutura retardatária, políticas ineficientes, fluxo comercial ineficaz e falta de capital e comunicação como as principais razões que impedem a construção do corredor.
“Enquanto há acordos de livre comércio entre a China e Myanmar e Bangladesh, a Índia adotou uma positiva e prudente atitude na construção do corredor econômico,” disse Liu Xiaoxue, pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Na verdade, para países como a Índia, a Iniciativa do Cinturão da Rota da Seda é “muito importante já que seu objetivo primário é criar uma situação de ganha-ganha para conquistar a prosperidade econômica através da melhoria das estradas e conectividade ferroviária,” disse Bishnu Hari Nepal, ex-embaixador do Nepal para o Japão, em um seminário realizado em Kathmandu em maio.
“A Índia deve trabalhar de forma próxima com a China para colaborar e acelerar a Iniciativa Um Cinturão Uma Estrada ao invés de ser cética. A iniciativa deve ser vista como uma nova oportunidade para a região do Sul da Ásia,” ele disse.
Shreedhar Gautam, secretário-geral do Conselho para Assuntos Mundiais, um grupo de reflexão no Nepal, também pediu à Índia para se unir à China, dizendo que esta iniciativa não deve ser vista como uma ferramenta estratégica da China para exercer sua influência na região.