Presidente chinês pede que países do BRICS consolidem a confiança e enfrentem os desafios
O presidente chinês Xi Jinping discursa na 8ª cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no estado de Goa, oeste da Índia, em 16 de outubro de 2016. (Xinhua/Yao Dawei)
Goa, Índia, 17 out (Xinhua) -- O presidente da China, Xi Jinping, instou no domingo os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a consolidar a confiança uma vez que "o complicado e severo entorno externo" apresenta desafios ao bloco de mercado dos países emergentes.
Durante a cúpula anual dos países do BRICS realizada no estado de Goa, oeste da Índia, Xi pediu pela construção de uma economia aberta e alertou sobre todas as formas de protecionismo.
O presidente pediu aos países do BRICS implementem os resultados da 11ª Cúpula do G20 realizada em setembro na cidade chinesa de Hangzhou e que se esforçem por um crescimento mundial forte, sustentável, equilibrado e inclusivo.
O líder chinês também apresentou uma proposta de cinco pontos para que os países do BRICS se unam durante os tempos difíceis para construir um mundo aberto, traçar uma visão de desenvolvimento compartilhado, fazer frente aos desafios mundiais mais prementes, salvaguardar a justiça na comunidade internacional e aprofundar as associações dentro do bloco.
"Devemos contribuir com a sabedoria e força dos países do BRICS e buscar conjuntamente respostas para os desafios", disse Xi.
ECONOMIA ABERTA, EQUIDADE E JUSTIÇA
Para enfrentar os desafios econômicos, Xi propôs que os países do BRICS avancem com as reformas estruturais, inovem os seus padrões de crescimento e construam uma economia aberta.
Ele alertou contra o protecionismo, dizendo que os os países do BRICS devem liderar a abertura e a cooperação internacional priorizando setores como economia e comércio, circulação financeira, integração das infraestruturas e intercâmbios interpessoais.
O presidente pediu pelo aumento da representatividade e da voz das economias de mercado emergentes e dos países em desenvolvimento no processo de reforma da governança global. Xi instou pela construção de um novo tipo de relações internacionais caracterizada pela cooperação e benefício mútuo e pela defesa da equidade e da justiça.
O líder chinês exortou os cinco países a fortalecerem a coordenação e a comunicação sobre os assuntos regionais e internacionais mais importantes como forma de lidar com os desafios globais tais como desastres naturais, mudanças climáticas, doenças infecciosas e terrorismo.
Xi pediu que os países membros do BRICS fortaleçam a cooperação e aprofundem a parceria em busca do desenvolvimento comum, especialmente por meio do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA, da sigla em inglês) que foram estabelecidos em 2014.
"A China é um participante e um apoiador leal do mecanismo BRICS e considera a cooperação entre o bloco como uma das suas prioridades diplomáticas", disse ele. "Nós acreditamos que a cooperação BRICS vai ajudar a promover a paz mundial, a estabilidade e a prosperidade".
Como este ano marca o décimo aniversário do mecanismo de cooperação do BRICS, Xi fez uma revisão do desenvolvimento do bloco na última década, dizendo que a plataforma de cooperação do BRICS cresceu até se transformar em um mecanismo internacional de grande influência que tem impulsionado ativamente a reforma do sistema de governança econômica.
Os cinco países do BRICS contribuíram com mais da metade do crescimento global nos últimos dez anos, lembrou ele.
Ainda no domingo, Xi anunciou que a China vai assumir a presidência rotativa do BRICS no próximo ano e sediar sua nona cúpula em setembro do próximo ano na cidade chinesa de Xiamen.
A China espera trabalhar com todas as partes envolvidas para implementar os consensos alcançados nas cúpulas anteriores, aprofundar as cooperações e escrever um novo capítulo na história de cooperação do BRICS, disse Xi.
Xiamen, uma importante cidade turística na costa chinesa, é conhecida pelo seu clima agradável e pelas belas paisagens.
Xi ocupou o cargo de vice-prefeito do município de Xiamen nos anos de 1980.
EXPECTATIVA DE MAIOR COOPERAÇÃO
Durante a cúpula, o Primeiro-ministro indiano Narendra Modi instou as cinco nações que compõem o BRICS a desempenharem um papel ainda maior dentro dos mecanismos multilaterais, incluindo o G20 e a OMC.
Ele também pediu por uma cooperação mais estreita em áreas como economia e comércio, investimento, finanças, agricultura, urbanização, infraestrutura e segurança, e sugeriu a construção de um mecanismo de cooperação mais forte nessas áreas.
O presidente sul-africano Jacob Zuma disse que seu país espera reforçar a cooperação com o BRICS nas áreas de recursos aquáticos, economia digital, investimento e finanças, inovação, pequenas e médias empresas, espaço sideral, profundezas dos oceanos, internet e intercâmbios interpessoais.
Ele disse que as nações do BRICS devem ajudar a chamar mais a atenção e pedir por maior apoio da comunidade internacional para os grupos mais vulneráveis às mudanças climáticas e às crises econômicas.
O presidente brasileiro Michel Temer disse que as nações do BRICS enfrentam desafios similares e que eles devem se esforçar para superar as dificuldades.
O Brasil defende a facilitação do comércio e investimento entre os países do BRICS bem como uma parceria cooperativa mais forte nas finanças, ciência e tecnologia, meio ambiente e cultura, de modo a gerar benefícios para os povos dessas nações, disse Temer.
Assinalando que a cooperação entre os países do BRICS tem desempenhado um importante papel na facilitação da retomada do crescimento global, o presidente russo Vladmir Putin disse que os cinco países devem implementar a Estratégia para uma Parceria Econômica do BRICS adotada o ano passado na cúpula de Ufa e aprofundar a cooperação em energias renováveis, finanças, comércio, investimentos, comércio eletrônico, saúde e educação.
Putin também pediu por esforços conjuntos dos países do BRICS para levar adiante a reforma da economia global e da governança financeira.
Depois do encontro, os cinco líderes participaram da cerimônia de assinatura de um conjunto de acordos de cooperação nas áreas de pesquisa agrícola, cooperação aduaneira e estudos diplomáticos, dentre outros. Eles também participaram de uma conferência de imprensa conjunta e lançaram a Declaração de Goa no domingo.
Em conjunto com os outros líderes do BRICS, Xi participou no domingo de um diálogo com representantes do Conselho Empresarial do BRICS.
No seu discurso, Xi disse que os países do BRICS, afetados por fatores internos e externos, têm experimentado um baixo crescimento econômico e enfrentado novos desafios impostos ao seus desenvolvimentos.
Para Xi, entretanto, eles ainda mantêm sua margem de competitividade em áreas como recursos, mercado e força de trabalho, e possuem perspectivas positivas de desenvolvimento.
A cooperação BRICS entrou em uma nova fase depois desses dez anos de desenvolvimento, enfrentando tanto oportunidades como desafios, disse o líder chinês.
Ele encorajou os grupos de empresários a agarrarem as oportunidades e participarem ativamente na promoção da cooperação econômica entre as nações do BRICS para fortalecer a confiança, impulsionar a reforma e inovação, a cooperação pragmática e dar maiores contribuições à criação de um futuro mais brilhante e a um desenvolvimento comum das nações BRICS.
Durante o diálogo, o presidente do NDB, Kundapur Vaman Kamath, leu um relatório de trabalho para os cinco líderes sobre as operações do banco.
Os líderes das cinco nações também posaram para uma foto junto com os capitães das seleções juvenis dos países do bloco.
A Índia foi o destino final de Xi em sua viagem pelo sudeste e sul da Ásia, após ter passado pelo Camboja e Bangladesh.
