Premiê de Portugal destaca vontade do país de participar do Cinturão e Rota em entrevista exclusiva à Xinhua

2016-10-12 13:32:58丨portuguese.xinhuanet.com

Por jornalista da Xinhua, He Meng

Macau, 12 out (Xinhua) -- O premiê português António Costa reiterou a posição de seu país em relação à Iniciativa do Cinturão e Rota, promovendo mais cooperação com a China e o Fórum para a Cooperação Econômica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em uma entrevista exclusiva concedida à Agência de Notícias Xinhua.

Costa se encontra em Macau para participar da 5ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, onde pronunciou um discurso na cerimônia de abertura.

O primeiro-ministro de Portugal disse que seu país apoia a Iniciativa do Cinturão e Rota, também conhecida no mundo lusófono como "Uma Faixa, Uma Rota", proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013. A iniciativa se refere ao Cinturão Econômico da Rota da Seda e à Rota da Seda Marítima do Século 21 e reúne países da Ásia, Europa e até da África por rotas aéreas e marítimas. Segundo Costa, Portugal considera que a iniciativa pode beneficiar o reforço das relações econômicas. "Afirmamos isso em várias ocasiões e já manifestamos o interesse de Portugal em fazer parte da vertente marítima da Nova Rota da Seda, tirando proveito da nossa posição estratégica entre a Europa e o Atlântico e, em particular, do porto de águas profundas de Sines e da futura extensão ferroviária de Sines a Madrid."

De acordo com Costa, Portugal tem uma posição geográfica muito vantajosa em relação ao acesso aos mercados europeus, africanos e americanos e pode assumir um papel importante nos fluxos de mercadorias entre esses mercados. "A participação de Portugal nessa iniciativa é, desta forma, também benéfica para a China, que busca uma maior presença no Atlântico", assinalou.

Em relação às mudanças e desenvolvimento da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Costa indicou que os 17 anos de governança da Região Administrativa Especial de Macau constituem marca inequívoca de que a visão e o modelo da Lei Básica - que resultou da negociação da Declaração Conjunta definida em 1987 - foram uma escolha certa.

Na opinião dele, a estabilidade política, o desenvolvimento econômico e social atingidos por Macau são notáveis. Tem mantido uma economia geral invejável e finanças públicas consolidadas. A uma situação de prosperidade, estabilidade e desenvolvimento juntam-se agora novos desígnios que dão à Região Administrativa Especial um papel estratégico, seja como plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa na área dos serviços e da cooperação econômica e empresarial, seja também como Centro Mundial de Turismo e Lazer.

"A RAEM soube não só preservar uma herança cultural construída ao longo dos séculos por portugueses e chineses, como transformar essa herança em um ativo. Essa singularidade de Macau confere-lhe um lugar central na relação entre dois mundos - o Oriente e o Ocidente - que está expressa, aliás, no novo Cinturão e Rota", disse Costa.

"Alegra-me registrar que os portugueses continuam sendo bem acolhidos em Macau, e sentem também como sua casa e que têm sabido, por sua parte, no novo contexto, participar ativamente no desenvolvimento da RAEM, contribuindo assim para a continuação de um diálogo que já soma cinco séculos."

Quanto ao atual evento do Fórum de Macau, Costa considera-o como um sinal da importância que os chineses reconhecem a língua portuguesa e o espaço lusófono. E essa importância é refletida na atividade do Fórum enquanto plataforma de ligação entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

"Apesar dos resultados positivos obtidos, julgamos haver boas oportunidades a aprofundar e novas áreas de cooperação bilateral e multilateral a desenvolver, nas quais exista interesse comum e conhecimento que possa ser partilhado", disse o primeiro-ministro português.

"Será aprovado este ano um novo Plano de Ação trienal, que espero ser traduzido no desenvolvimento e financiamento de projetos de cooperação triangular. Os empresários portugueses estarão, certamente, atentos às oportunidades, com o objetivo de promover uma presença portuguesa mais significativa neste assunto, através de parcerias com empresas chinesas nos países lusófonos", acrescentou.

Costa chegou a Macau após uma visita oficial às cidades chinesas de Beijing e Shanghai, a primeira visita do tipo desde que assumiu o cargo como premiê.

"Esta é a minha primeira visita à China enquanto primeiro-ministro, mas ela insere-se num longo histórico de visitas recíprocas de alto nível, próprias da relação de cinco séculos entre os dois países unidos por laços de respeito, confiança e amizade", disse Costa.

Segundo o premiê, essa relação tem sido estreitada nos últimos anos, nomeadamente no quadro da Parceria Estratégica Global entre Portugal e a China, que teve início em 2005. "Hoje, com base no nosso relacionamento histórico e nos resultados positivos dessa parceria, acreditamos que podemos elevar a nossa relação a um novo patamar."

O primeiro-ministro disse ainda que espera que esta visita possa contribuir para uma cooperação reforçada, diversificada e amplificada. "Reforçada porque aprofunda áreas onde já cooperamos (queremos mais investimento chinês e mais exportações portuguesas); uma cooperação diversificada, porque estende a nossa parceria a novas áreas (indústria, investigação, inovação e cultura); e uma cooperação amplificada, porque amplia a nossa parceria bilateral a uma cooperação com países terceiros."

De acordo com o premiê português, o investimento chinês em Portugal tem assumido uma grande relevância, mas é importante diversificar e explorar novas oportunidades - para além da energia e do setor financeiro, que concentraram boa parte dos investimentos. Ele avalia que é necessário reforçar o investimento nas áreas de infraestrutura, indústria, setor primário e de serviços, como em TIC (tecnologia, informação e ciência).

"Para Portugal a captação de investimento é uma prioridade e queremos continuar a acolher investimento chinês, sendo que gostaríamos que este investimento estivesse de forma crescente associado a criação de empregos e fomento da atividade econômica. Portugal pode ser hoje uma porta de entrada da China na Europa e temos todas as condições para acolher em Portugal investimentos de natureza industrial que integrem cadeias de valor globais com origem na China", acrescentou Costa.

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