Cúpula do G20 deixa Xi no centro do cenário mundial
Hangzhou, 5 set (Xinhua) -- Os líderes das economias do G20 tiveram uma folga no domingo e velejaram à noite nas águas do Lago Oeste na cidade chinesa de Hangzhou, no leste.
A imagem do presidente chinês, Xi Jinping, de pé entre os líderes dos mercados emergentes e países desenvolvidos envia um forte sinal: de que nós estamos no mesmo barco, com a China pilotando esta vez.
Para a nação mais populosa do mundo, a Cúpula de Hangzhou no domingo e segunda-feira vem como uma importante oportunidade para mostrar ao mundo que a China pode ajudar a navegar na recuperação econômica mundial.
É a primeira vez que Xi presidiu uma Cúpula do G20. Muitas pessoas esperam que o importante encontro possa estabelecer um curso para o crescimento global.
Na tarde de domingo, minutos depois de receber os líderes do G20 com apertos de mão, o presidente disse esperar que a cúpula prescreva uma receita que leve a economia global para uma trajetória de crescimento saudável.
"A terapia tomará uma abordagem integrada para lidar tanto com os sintomas como com as causas de raiz, e impulsionará a economia mundial para um caminho de crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo."
A China tem a confiança e a competência de manter crescimento médio-alto, pois continua a aprofundar a reforma, a buscar uma estratégia de desenvolvimento impulsionada pela inovação e a se abrir ao resto do mundo, disse Xi a líderes empresariais na véspera da Cúpula do G20.
Presidir o G20 também oferece à China uma oportunidade única de participar do projeto de nível superior da governança econômica global.
Uma das metas da China na presidência do G20 é impulsionar o grupo para passar de um mecanismo de resposta anticrise concentrado em políticas de curto prazo para um de governança a longo prazo que elabore políticas a longo e médio prazos.
Com dois terços da população do mundo, o G20 responde por cerca de 90% do PIB e 80% do volume comercial do mundo. Agora, o G20 se tornou o principal fórum de cooperação econômica global.
O crescente envolvimento da China no G20 e na governança global em geral evoluiu gradualmente.
Oito anos atrás, quando a primeira Cúpula do G20 foi realizada em Washington em meio à crise financeira global, a governança global era nova para a maioria dos chineses.
De fato, a governança global só entrou na linguagem política oficial do país após a crise de 2008, e foi Xi que, anos depois, deu ao termo sua devida proeminência.
Ao participar de uma cúpula do BRICS na África do Sul em março de 2013, Xi falou da necessidade de as economias emergentes participarem da governança global, defenderem a justiça internacional e salvaguardarem a paz e a estabilidade mundial.
A ênfase na governança global é agora uma marca da diplomacia da China e se destaca quando Xi discursa para públicos domésticos.
O abraço da China com o G20 reflete a intenção de uma potência econômica em ascensão de guiar e reformar a agenda global.
"Com a ascensão da China, é lógico o país desempenhar um maior papel no cenário global", disse Xu Guangjian, vice-diretor da Escola de Administração e Política Pública da Universidade de Renmin.
"Esse desenvolvimento está de acordo com uma maior afirmação da China em globalização, e sua visão de que nenhum país pode evitar ser afetado após a crise financeira global em 2008."
Douglas Paal, vice-presidente para estudos no Carnegie Endowment for International Peace, em Washington, concordou.
"A China tem um grande e crescente interesse em manter e fortalecer o sistema econômico e comercial internacional."
Enquanto isso, a China também está erguendo a bandeira do mundo em desenvolvimento.
Há muito tempo Xi pede maior presença dos países em desenvolvimento e economias de mercado emergentes e uma voz maior deles nos sistemas internacionais, e igualdade dos diferentes países na cooperação econômica global em termos de direitos, oportunidades e normas. O pedido foi repetido na Cúpula de Hangzhou, com a participação de um número recorde de países em desenvolvimento.
Na reunião dos líderes do BRICS no âmbito da Cúpula do G20, na manhã de domingo, Xi disse que os membros do BRICS devem promover a coordenação para fazer com que as economias de mercado emergentes e os países em desenvolvimento desempenhem um maior papel em assuntos internacionais.
Parece que a viagem de barco no Lago Oeste sinaliza um papel cada vez mais importante que a China busca no cenário mundial: uma ponte entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento.