Destaque: Desenvolvimento global sustentável requer G20
Hangzhou, 1º set (Xinhua) -- A declaração do Banco Central dos EUA (The Federal Reserve), citando um “desempenho sólido” do mercado de trabalho e economia dos EUA, tem agitado as expectativas de que as taxas de juros vão aumentar em breve.
O suspense criado pelo banco central da maior economia do mundo, e a única superpotência, parece muito com a espada de Damocles, já que qualquer aumento da taxa de juros teria o efeito de atrair o capital financeiro de outros países, muitos em situações complicadas, para os EUA.
Dada a estreita interdependência entre as economias, dizem os especialistas, essas diferenças entre suas necessidades e preocupações exige uma coordenação internacional mais estreita para garantir um desenvolvimento global sustentável.
Mais especificamente, que precisa de uma atualização da principal plataforma mundial de governança econômica global – o Grupo dos 20 (G20).
DA CRISES PARA “A NOVA MEDIOCRIDADE”
Os líderes do G20 se reuniram pela primeira vez em Novembro de 2008 em Washington no meio da pior crise global financeira em décadas, e a série de reuniões desempenharam um papel indispensável na centralização de esforços internacionais em todo o mundo.
O auge da crise já passou, mas o desenvolvimento sustentável permanece longe. A economia mundial ainda está se recuperando de suas consequências e parece que ela está caminhando para o que Christine Lagarde do Fundo Monetário Internacional (FMI), classificou como “nova mediocridade”.
Apesar da melhora em algumas economias, o FMI reduziu sua previsão de crescimento da economia mundial em 2016 de 3,1% para 2,9%. Se essa revisão se concretiza, este seria o segundo ano consecutivo com uma taxa de crescimento global inferior a 3%. O valor foi de 2,4% em 2015.
O FMI afirmou que um longo período de crescimento lento deixou a economia global mais exposta a choques negativos e aumentou o risco de cair em estagnação.
‘Se não tomarmos medidas para aumentar a produtividade e o crescimento potencial, ambas as gerações, mais novas e mais velhas, sairão perdendo”, disse Catherine L. Mann, Economista-Chefe da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Quanto mais tempo a economia global permanece nesta armadilha de baixo crescimento, mais difícil para os governantes será cumprir promessas fundamentais”, disse ela.
FALTA DE COORDENAÇÃO
Uma das questões urgentes que tem assombrado a economia mundial é uma ruptura na coordenação política entre os países em vários estágios de desenvolvimento pelo ressurgimento do protecionismo, nacionalismo e isolacionismo, disse Zhu Jiejin, professor junto à Universidade Fudan da China.
Ao lidar com o problema, o G20 tem um papel inevitável e significativo para executar. Já na Cúpula do G20 de Setembro de 2009, os líderes criaram mecanismo de resposta a recente crise – mais representativo do que o clube do mundo rico do Grupo dos Sete – como o primeiro fórum para a cooperação econômica internacional.
Para que a economia mundial interrompa a rotina de crescimento lento e realize o desenvolvimento sustentável, muitos especialistas concordam que o G20 deve reforçar a coordenação internacional macro política e mudar a sua função primária da resposta à crise para a governança a longo prazo.
Notando que o mecanismo G20 “conservou a maior parte das características do palanque de resposta à crise, em 2008”, Zhu destacou que “a crise não pode existir para sempre.”
A China tem sido um campeão inabalável para esta transformação. Na próxima cúpula do G20, 11ª edição, que será na cidade oriental chinesa, Hangzhou, aumentar a coordenação internacional é um elemento integrante de seus temas discutidos, que é “Rumo à uma Economia Mundial Inovadora, Interconectada, Revigorada e Inclusiva.”
Forjar "uma comunidade de destino comum" entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento está no cerne de "uma economia mundial interligada", comentou Jiang Yuechun, diretor do Departamento de Economia Mundial e Desenvolvimento no Instituto Chinês de Estudos Internacionais.
INOVAÇÃO INSTITUCIONAL
Reconhecendo a importância vital da inovação para revigorar a economia global, a China, anfitriã pela primeira vez da cúpula do G20, colocou a inovação no topo da agenda deste ano.
Entre outros, Pequim tem pressionado para um modelo de crescimento inovador e um plano de ação para a implementação que a ONU adotou para 2030, a Agenda para o Desenvolvimento Sustentável.
"É certo que a China apresentou um plano para o crescimento inovador e vai considerar a falta de ímpeto do crescimento como uma questão-chave na cúpula deste ano", disse Zhang Yuyan, diretor do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Notando que a inovação inclui não apenas a inovação tecnológica, mas também o progresso e a disseminação das tecnologias existentes, Zhang também enfatizou que a inovação institucional é também importante para a realização do desenvolvimento sustentável.
Dando um passo concreto nessa direção, a China convidou os líderes de vários países em desenvolvimento para a cúpula em Hangzhou, tornando-a mais representativo com os países em desenvolvimento na história do G20. O Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon observou que Pequim levou a cúpula para outro nível de inclusão.
China, como a segunda maior economia e o maior país em desenvolvimento do mundo, está em uma posição única para trazer junto os países desenvolvidos e os em desenvolvimento para promover o envolvimento positivo entre eles, dizem os especialistas.
John Kirton, fundador e co-diretor do grupo de pesquisa do G20 da Universidade de Toronto, diz que chegar a um acordo geral entre os membros do G20 e convidados sobre como proceder com a gestão da economia global será a chave para o sucesso da China como anfitriã. A China, diz Kirton, tem a "forte sabedoria recorrente para ajustar o grande consenso e o consenso de seus parceiros para ter sucesso coletivo."