Entrevista: Rússia e China devem cooperar no âmbito do G20 para enfrentar desafios -- perito russo

Moscou, 23 de agosto (Xinhua) -- Com posições comuns em muitas questões internacionais, Rússia e China devem trabalhar juntos no âmbito do G20 para fixar uma nova ordem econômica e financeira internacional,- uma prioridade entre outras questões de interesse comum,afirmou um perito russo.

Rússia e a China devem unir esforços para a primeira atualização do sistema financeiro e econômico internacional, disse a Xinhua Andrey Kortunov, diretor geral do Conselho de Assuntos Internacional Russo, um think tank de política de externa baseada em Moscou junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.

Ele ressaltou a necessidade, para tal, de uma nova ordem mundial, um top de tópico na agenda da cúpula do G20 de 2016, a ser realizada em 4 e 5 de setembro em Hangzhou, leste da China.

"Quanto mais essas reformas são adiadas, maior será o risco de novas crises de instabilidade na economia mundial", disse ele.

Neste contexto, a Rússia acolhe favoravelmente a iniciativa da China para se criarem novas instituições econômicas e financeiras, tais como o ASEAN Banco de Investimento e Infra-estrutura (AIIB) que se espera venha a ajudar a criar novos mecanismos de investimentos e modelos de gestão financeira.

A Rússia vai ser um participante ativo em tais iniciativas,disse ele.

O G20 surgiu em meio a uma crise financeira global que evidenciou a ineficiência do formato do G8 e a necessidade de "um mecanismo mais representativo e mais democrático, incluindo a China, Índia e outros Estados-Membros não-ocidentais", observou o especialista russo.

Kortunov acredita que a parceria entre a Rússia e a China dentro do G20 ajudará a enfrentar desafios onde uma vontade política está presente.

"Se hoje Pequim e Moscou oferecem o seu conceito de estabilidade para a comunidade internacional, não sao apenas palavras vazias, mas propostas baseadas em muitas experiências bem sucedidas", disse.

O perito russo disse que Moscou e Pequim tem que trabalhar com Washington, como "um complexo e por vezes imprevisível parceiro" sem o qual seria impossível abordar muitas questões internacionais.

Na sua opinião, após tentativas de construir um mundo unipolar, os Estados Unidos agora sao obrigados a rever suas ambições, apesar de relutante em abandonar essas pretensões de liderança global.

Como resultado, disse, os Estados Unidos tem apresentado inconsistência e uma lacuna entre a retórica e a prática em política externa.

"China e a Rússia devem consistentemente procurar terreno comum com Washington e evitar crises sem fazer concessões em questões de princípio," Kortunov sugerido.