Entrevista: países africanos esperam reunião do G20 para enfrentar os desafios globais

Por Ndumiso Mlilo

JOHANNESBURG, 15 ago (Xinhua) -- Os países africanos têm grandes expectativas para a próxima reunião do G20, na qual é esperada a abordagem de uma série de questões candentes que afetam o mundo, especialmente países em desenvolvimento, os especialistas sul-africanos disseram.

Os países africanos esperam que a reunião do G20, agendada para Hangzhou, China em 4 e 5 de setembro, seja franca e aberta para enfrentar desafios globais, Sabelo Gatsheni-Ndlovu, pesquisador de Estudos do Desenvolvimento da Universidade da África do Sul, disse à Xinhua em uma recente entrevista.

Gatsheni-Ndlovu disse: "Obviamente o G20 não pode ignorar os desafios ambientais que o mundo enfrenta, o terrorismo e o desenvolvimento geral. O mundo está enfrentando um crescimento deprimido e eles têm de chegar a uma solução sobre o que precisa ser feito.".

O pesquisador, que também é diretor do Instituto de Pesquisa Archie Mafeje na África do Sul, pediu que a cúpula resolva verdadeiramente os desafios climáticos. Ele disse que os países globalizados do Norte são os principais contribuintes para a depredação da camada de ozônio e devem assumir a responsabilidade e enfrentá-la francamente.

Gatsheni-Ndlovu disse que os países desenvolvidos não devem culpar os outros pelas mudanças climáticas e em vez disso, tomar medidas concretas.

Falando de ameaças terroristas, Gatsheni-Ndlovu destacou a importância de punir aqueles que são terroristas armados.

Ele acusou alguns países ocidentais de abastecer a desunião patrocionando de grupos terroristas em países como a República Democrática do Congo (RDC), Iraque, Síria e outros países africanos.

Na reunião do G20, é esperado que a África do Sul levante questões que afetam África e o Sul global, de acordo com a sua política externa, de acordo com Gatsheni-Ndlovu.

"É esperado que a África do Sul fale em nome da África no G20. Eles têm que levantar questões que atormentam a África e o Sul global, que incluem fraco crescimento econômico, o terrorismo e o subdesenvolvimento em geral", disse ele.

O encontro será realizado sob o tema: "Rumo a um inovador, revigorado, interconectado e Economia Mundial Inclusiva".

O encontro do G20 deve propor uma estratégia a longo prazo para prevenir possíveis desacelerações na economia mundial, disse Gatsheni-Ndlovu.

Kuben Naidoo, Vice-Governador do Banco de Reservas Sul-africano (SARB), também disse que o lento crescimento econômico deve figurar com destaque na reunião do G20.

A reunião deve tomar medidas concretas para ajudar o mundo a mover-se para a frente, já que as economias da maioria dos países não têm tido um bom desempenho, Naidoo disse à Xinhua.

Deve haver planos resilientes da cúpula para evitar uma crise econômica global similar no futuro, disse Naidoo.

"Esperamos que o G20 vá enfrentar as questões mais amplas em torno do crescimento global, trazendo o crescimento de volta para o caminho certo para garantir um crescimento sustentável e certificando-se que o processo de reforma do setor financeiro continue. Temos de lidar com problemas grandes demais para falir", observou.

Naidoo também enfatizou a importância de lidar com a lavagem de dinheiro, a Erosão da Base e transferência de lucros (BEPS), e outros esquemas de evasão fiscal de forma coordenada para evitar saídas ilícitas e as práticas corruptas.