O que a Presidência do G20 pela China trará ao mundo?

2016-08-17 18:02:47丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 28 jul (Xinhua) -- A Cimeira do G20 a ser realizada na cidade chinesa de Hangzhou, no início de setembro, é diferente de qualquer outra: ela será acolhida pelo maior país em desenvolvimento no mundo. Mas continua a ser uma questão-chave: a China pode ter sucesso em sacudir as 20 maiores economias mundiais fora do seu torpor?

A China tem grandes esperanças em vir a presidir uma bem sucedida cimeira do G20, maior evento diplomático do país este ano. Com os dois dias de reunião daqui a menos de um mes, muito já está na mesa, incluindo um impulso de Beijing que levou a atualizar um mecanismo de resposta de crise do G20 para uma plataforma de governaçao a longo prazo.

O peso econômico e a agilidade crescente da China na gestão de assuntos internacionais, dizem os especialistas, revelar-se-a vantajoso no fórum, especialmente em trazer as principais economias industrializadas, bem como os mercados emergentes para combater juntos as causas do vacilante crescimento global.

GOVERNAÇÃO A LONGO PRAZO

O mecanismo do G20, como principal plataforma para a cooperação económica internacional, concentrou-se muito tempo a coordenar as políticas monetárias e fiscais entre o topo do mundo desenvolvido e em desenvolvimento, em resposta à crise financeira global.

Mas depois de oito anos de recuperação lenta da crise financeira de 2008, uma urgência pode ser sentida através de membros do G20 para a ação coletiva sobre aspectos fundamentais da economia global.

O destaque da próxima Cimeira será o desenvolvimento de um modelo do G20 para o crescimento inovador, que inclui um plano de acção concreto para a construção de uma nova revolução industrial e a economia digital.

"É a primeira cimeira do G20 com um foco sobre o impulso a longo prazo do crescimento global", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi,em uma reunião no final de maio.

"Políticas fiscais e monetárias podem apenas servir como ferramentas anticíclicas que ajudam a suavizar a volatilidade a curto prazo", disse o Professor Zhu Jiejin da Universidade de Fudan. "É como se fosse um remédio. Ele pode curar uma doença, mas não fortalecer a saúde de uma economia",

disse Zhu para quem o consenso sobre a inovação foi uma conquista arduamente alcancada sob a Presidência da China, especialmente tendo em conta a grave volatilidade do mercado no primeiro trimestre de 2016.

"Não é fácil para a China manter o foco em uma agenda de longo prazo quando alguns estão apelando para pacotes de estímulo a curto prazo", disse Zhu.

O ministro das Finanças suíço, Ueli Maurer, sublinhou a ênfase da China em promover a inovação e outras reformas estruturais, que, segundo disse, eram importantes para aumentar a produtividade e garantir a qualidade e a sustentabilidade do crescimento.

"A este respeito, o Plano do G20 sobre o crescimento inovador representa uma agenda ambiciosa em direção a um novo paradigma de crescimento baseado em conhecimento e em novas tecnologias mais limpas", disse ele a Xinhua. "Muitos países têm, desde a crise financeira global de 2008/09, se baseado na flexibilizacao monetária e fiscal".

Outro ponto atraente na agenda sera a descricao das etapas para implementar a Agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável,que num primeiro momento esta dando prioridade a um quadro de macro-política global.

Huang Wei, um pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que "os países desenvolvidos não podem prosperar sos neste mundo cada vez mais interligado. Países desenvolvidos e em desenvolvimento precisam partilhar os seus recursos para reverter a flacidez do crescimento global".

Huang sublinhou a natureza sistemática da implementacao dos objetivos de desenvolvimento das Nações Unidas, que incorporem as dimensões sociais e ambientais, bem como o crescimento. "Somente com uma abordagem holística poderemos resolver problemas fundamentais na economia global", disse a Xinhua. "O G20 costumava apenas tratar problemas específicos".

De acordo com Chen Fengying, um pesquisador do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, o G20 tem expandido a sua principal meta política para o crescimento forte, sustentável e equilibrado que foi previsto na cúpula de Pittsburgh em 2009. "Não é fácil para a China sediar uma cúpula frutífera quando não há nenhuma crise aparente", disse. "Mas a China fez uma contribuição sem precedentes para o G20 ao traçar um novo futuro."

Além disso, em meio a um comércio lento e fraco investimento, o G20, sob a Presidência da China, este ano, abriu uma avenida nova e mais substancial para estimular o crescimento: uma reunião de ministros do comércio para promover o comércio internacional e investimento.

"Resolvemos alguns problemas reais, porque a China tomou a iniciativa de estabelecer o grupo de trabalho do comércio e investimento, que tem sido muito produtivo", disse Rita Teaotia, secretário de comércio do departamento de Comércio indiano.

"A partir da Cimeira de Hangzhou em diante", disse Chen, "haverá duas rodas dirigindo o G20, com a reunião dos tradicionais ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais, e o novo mecanismo de reunião dos ministros do comércio".

Este pode ser um dos maiores avanços na cimeira deste ano. Muitos dos problemas estruturais a longo prazo da economia global tem a ver com comércio e investimento, disse.

ELABORAÇÃO DA AGENDA

Na Cimeira do G20 deste ano, a China vai também jogar um papel mais proeminente nos assuntos internacionais.

"Esta será a primeira vez que a China sediara uma cimeira de governação económica global, ao contrário de presidir às reuniões regionais tais como a cooperação econômica Ásia-Pacífico", disse Chen. "É uma boa oportunidade para a China exercer o seu poder na economia global".

Ela explicou que, porque o G20 é um fórum internacional sem um secretariado ou as agências executoras, os resultados da Cimeira são em grande medida determinadas pela vontade do país acolhedor.

"Como um grande país, a China tem a influência de direccionar para objetivos específicos, especialmente quando coincidem com os interesses de outros países", disse ela, elogiando os planos de acção concretos da China no contexto de candidaturas mais vagas dos últimos anos.

Zhu salientou que a China, como o maior país em desenvolvimento, tem a responsabilidade de promover uma governação mais equilibrada da economia global.

"O nascimento do G20 quebrou o mito do G7 e permite a exploração de diversos caminhos de crescimento", disse.

De acordo com estatísticas do Fundo Monetário Internacional, e economias emergentes e em desenvolvimento são lar de 85 por cento da população mundial, respondendo por quase 60 por cento do PIB mundial e contribuindo para mais de 80 por cento do crescimento global desde a crise financeira de 2008. Só a China contribuiu com 35 por cento de crescimento global nos últimos cinco anos.

A visão do papel crescente da China na governação econômica global é amplamente compartilhada.

"Há provavelmente alguns meios para a construção de novas instituições, tendo em conta a ascensão da Ásia e a ascensão da China", disse Tim Harcourt da Universidade de New South Wales, na Austrália. "Eu acho que de certa forma o G20 pode desempenhar esse papel."

A China está agora em condições de afirmar a sua influência na gestão da economia global, de acordo com um relatório que foi lançado em março pela Chatham Hou.

 

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